O Festival de Cinema de Gramado nasceu em 1973 com o objetivo de valorizar e divulgar o cinema nacional. Inicialmente, era um evento regional, pensado para fortalecer a produção audiovisual do Rio Grande do Sul. Porém, desde suas primeiras edições, chamou a atenção de cineastas e produtores de todo o país. A programação, que reunia exibições, debates e premiações, rapidamente ultrapassou as fronteiras gaúchas e colocou Gramado no mapa dos grandes eventos culturais do Brasil.
Ao longo dos anos, o festival se reinventou e cresceu. Na década de 1980, consolidou o Kikito, uma estatueta criada pela artista plástica Elisabeth Rosenfeld como o troféu oficial da premiação. Representando o deus do bom humor, ele se tornou um símbolo de prestígio e reconhecimento no cinema brasileiro e latino-americano. Em 1992, o evento ampliou sua relevância ao incluir a competição latino-americana, abrindo espaço para obras e talentos de outros países do continente.
Hoje, o Festival de Cinema de Gramado é reconhecido como o mais longevo e prestigiado do Brasil, com forte projeção internacional. Todos os anos, em agosto, a cidade se transforma: o Palácio dos Festivais recebe as exibições e as noites de gala, a Rua Coberta se enche de imprensa, artistas e turistas, e as ruas respiram a magia da sétima arte.
O papel do Serrazul na consolidação do Festival
Inaugurado em dezembro de 1972, o Serrazul surgiu como um dos primeiros hotéis de Gramado. Apenas três meses depois, já fazia parte da história do recém-criado Festival de Cinema de Gramado, que realizava sua primeira edição em janeiro de 1973.
Localizado a menos de 300 metros do Palácio dos Festivais, o hotel rapidamente se tornou ponto estratégico para artistas, produtores, jornalistas e convidados, oferecendo muito mais que hospedagem: um ambiente de bastidores, encontros e celebrações que ajudaram a consolidar o evento.
Da 1ª até a 27ª edição, o Serrazul apoiou e patrocinou oficialmente o festival, viabilizando sua realização em uma época em que a cidade ainda tinha pouca estrutura para receber um evento desse porte.
Um exemplo marcante dessa presença foi registrado na 15ª edição, em 1987, quando a fachada do Palácio dos Festivais exibia o logotipo do hotel em destaque, um símbolo claro da parceria e da influência do Serrazul no fortalecimento do Festival. Foto: J. Silva/ CP Memória
Entre as relíquias que fazem parte da memória do Serrazul, está um Kikito muito especial. Esculpido em madeira pelo artesão gramadense Xixo, ele remete aos primórdios do Festival de Cinema de Gramado, quando o troféu ainda era produzido manualmente, peça por peça.
Este exemplar, datado de 1986, carrega na base uma plaqueta gravada com a inscrição “Kikito de Destaque de Patrocínio”, concedido ao Hotel em reconhecimento ao apoio ao festival. Mais do que um troféu, ele simboliza décadas de parceria e a presença constante do hotel na história do evento, sendo testemunha de encontros, celebrações e momentos que ajudaram a consolidar o festival como um dos mais importantes da América Latina.
A antiga estrutura que reunia artistas e fãs
Entre a primeira ampliação do Serrazul, por volta de 1974, e o ano de 1996, o hotel manteve uma estrutura de lazer externa localizada na Praça do Moinho, onde hoje estão o Supermercado Nacional e a Aldeia do Papai Noel.
Instalada a cerca de 200 metros do hotel, oferecia opções de lazer aos hóspedes, especialmente nos meses de calor, suprindo uma necessidade importante, já que o Serrazul ainda não possuía espaço próprio para esse fim. O espaço contava com piscinas, discoteca, bar, quadra de tênis e, mais tarde, um restaurante, e se tornou um verdadeiro clube da cidade, aberto ao público.
Durante os Festivais de Cinema, que, em suas primeiras edições, aconteciam no verão, o local se tornava um dos pontos mais procurados. Artistas aproveitavam as piscinas e o clima descontraído, enquanto curiosos e fãs se reuniam nas proximidades na expectativa de vê-los de perto. Era um cenário onde o glamour do evento se misturava à leveza e à informalidade de encontros espontâneos, resultando em momentos marcantes que ajudaram a fortalecer o vínculo do Serrazul com a história do festival.
2018: O Serrazul como palco de debates do Festival de Cinema
Na 46ª edição do Festival de Cinema de Gramado, realizada em 2018, o Serrazul protagonizou uma nova etapa da sua ligação com o evento ao receber oficialmente os debates dos filmes concorrentes. Essas rodas de conversa reuniram cineastas, elencos e membros da produção em diálogos abertos com o público e a imprensa, um momento de intensa aproximação cultural entre os criadores e os espectadores
Ao longo dos debates realizados dentro do hotel, grandes nomes, como Ísis Valverde, Adriana Esteves e Edson Celulari estiveram presentes, compartilhando histórias de bastidores, processos criativos e impressões sobre as obras exibidas. Essas conversas tiveram um caráter único: fomentaram a troca direta entre público e artistas, reforçando o papel do Serrazul não apenas como espaço de acolhimento, mas como polo de cultura e diálogo durante o festival.
Foto: Wallace Barbosa/AgNews
Um corredor que conta a história do Festival
Para quem se hospeda no Serrazul, há um detalhe que conquista de imediato os apaixonados por cinema: um corredor especial que exibe o cartaz de cada edição do Festival de Cinema de Gramado, desde a primeira, em 1973, até a mais recente.
Mais do que simples peças gráficas, esses cartazes são verdadeiras janelas para diferentes épocas, refletindo mudanças na estética, na cultura e até no próprio espírito do festival ao longo das décadas. Cada imagem carrega o clima do seu tempo, seja pela tipografia, pelas cores ou pelo estilo artístico escolhido, permitindo que o visitante perceba como o evento cresceu e se reinventou. Caminhar por esse espaço é como fazer uma viagem no tempo, revivendo cada capítulo dessa história e reconhecendo a evolução estética e cultural do evento.
Esse acervo, cuidadosamente preservado, mantém viva a conexão entre o hotel, o festival e a cidade. Ele transforma o Serrazul em mais do que um lugar para se hospedar: é também um espaço que valoriza e e guarda a história cultural de Gramado, oferecendo aos hóspedes uma experiência que vai além do conforto, unindo hospitalidade e tradição em um mesmo ambiente.
O Festival de 2025: a 53ª edição
Neste ano, Gramado se prepara para viver novamente a magia do cinema com a 53ª edição do Festival de Cinema, que acontece entre 13 e 23 de agosto de 2025. A cidade já se mobiliza para receber artistas, jornalistas e turistas de todas as partes do Brasil e da América Latina.
A cerimônia de abertura, no dia 15, trará a exibição do longa O Último Azul, dirigido por Gabriel Mascaro e estrelado por Denise Weinberg e Rodrigo Santoro. O ator, que completa mais de 30 anos de carreira, será homenageado com o Kikito de Cristal, prêmio concedido a personalidades que contribuíram significativamente para o cinema.
Na mostra competitiva de longas brasileiros, seis produções disputam o principal prêmio do festival: A Natureza das Coisas Invisíveis, de Rafaela Camelo; Cinco Tipos de Medo, de Bruno Bini; Nó, de Laís Melo; Papagaios, de Douglas Soares; Querido Mundo, de Miguel Falabella; e Sonhar com Leões, tragicomédia luso-brasileira com Denise Fraga no elenco. As histórias vão de dramas intimistas a tramas leves e bem-humoradas, refletindo a diversidade e a força do cinema nacional.
A programação ainda inclui mostras de longas e curtas gaúchos, documentários, produções universitárias e séries, totalizando 74 títulos, além de painéis e debates no Gramado Film Market, que discutirá temas como o papel do audiovisual na promoção de destinos turísticos.
Mais uma vez, o Serrazul estará no centro desse movimento, oferecendo sua localização privilegiada, a menos de 300 metros do Palácio dos Festivais e da Rua Coberta, onde acontecem as principais atrações do evento. Com conforto e hospitalidade que fazem do hotel um ponto de encontro para quem quer viver de perto a atmosfera do festival, mantém seu papel como cenário e personagem dessa história. Aqui, mais do que se hospedar, é possível respirar cultura, história e tradição, e viver de perto a magia de um dos maiores eventos de cinema da América Latina.
